Sunday, January 18, 2015

Endurance : Foi há 100 anos : Uma história de sobrevivência !





Endurance | Antarctida, 1915
https://en.wikipedia.org/
Faz hoje, dia 18 Janeiro de 1915, 100 anos que vinte e oito homens partiram a bordo de um navio rumo à Antárctida para tentar um feito único: atravessar o continente a pé. O que aconteceu depois de encalharem num banco de gelo é uma das mais extraordinárias histórias de sobrevivência de sempre.

O Endurance avançava lentamente com extremo cuidado, contornando enormes icebergues no mar de Weddell, na Antárctida. A tempestade da véspera - que detivera o navio numa espessa placa de gelo - acalmara o suficiente para permitir à tripulação içar as velas e navegar por entre densas massas de picos gelados. Aproveitando um longo canal de água que se abrira junto à base de um glaciar, o navio conseguiu percorrer 38 quilómetros até encalhar de novo.

Nessa noite, os vinte e oito tripulantes deitaram-se com a esperança de que o amanhecer trouxesse melhores condições para prosseguir viagem até à baía de Vhasel, a menos de um dia de distância. Nenhum imaginava que o Endurance já não sairia dali, afundando-se dez meses depois, esmagado pelo gelo, e deixando os tripulantes entregues à sua sorte. 




The inspirational explorer, Ernest Shackleton/Alamy

Alguns meses antes, em Agosto, o Endurance zarpara do porto de Plymouth, no Reino Unido, numa expedição à Antárctida liderada por Ernest Shackleton, um dos mais conceituados exploradores polares da época.
Depois de Roald Amundsen ter conquistado o Polo Sul, em 1911, Shackleton tentava obter o último grande prémio ainda não reclamado da exploração antárctica: a travessia a pé do continente.





Google Doodle Aniversário de Ernest Shackleton (2011)


Chamou-lhe Expedição Transantárctica Imperial e seria assim o último feito da Idade Heróica da Exploração da Antárctida.
"Do ponto de vista sentimental, é a última grande viagem polar que resta fazer. (...) a maior e mais extraordinária de todas as viagens: a travessia do continente", escreveu Shackleton no prospeto da expedição.



Endurance | Antarctida
créditos : Frank Furley (the expedition's photographer)
Com bravura, percorrem em seis semanas mais de 1 600 quilómetros de bancos de gelo até ao fatídico dia. Dessa vez, o gelo comprimia de tal forma que aprisionou o navio. Durante dias, semanas, meses, a tripulação desesperou para poder seguir viagem. Em Julho, Shackleton antecipa o pior: "Está quase a chegar o fim... O navio não vai aguentar mais. (...) O que o gelo agarra, o gelo não larga". 







A 21 de Setembro, dez meses depois de terem encalhado, os 28 homens observaram impotentes o Endurance a afundar-se. Estavam entregues à sua sorte, sem possibilidade de resgate.  

Durante os dez meses em que o navio esteve aprisionado, a tripulação organizou jogos de futebol para aliviar o tédio, equipa de bombordo contra a de estibordo. Ao domingo, entretinham-se com sessões de canto. As noites eram animadas por Leonard HusseyLeonard Husseypopular meteorologista e exímio tocador de banjo. 
Quando, em Maio, o sol desaparecia por quatro meses, uns refugiavam-se no xadrez, outros preferiam jogos de cartas e damas, e outros ainda os livros ou jogos de adivinhas. Focas e pinguins tornam-se alimentos necessários. 




Expedição de Shackleton

Depois de treze meses, um ano e um mês, presos no gelo, e mais seis dias num mar agitado, com correntes imprevisíveis, pisaram, após 497 dias, finalmente terra firme. 

Os homens estavam maltratados, extenuados e tensos. Havia quem não dormisse há 90 horas. Alguns, mal pisaram a areia da praia, vaguearam em ziguezague, como se estivessem alcoolizados. Outros pareciam ter enlouquecido.




Launching The James Caird
by probably Frank Hurley, the expedition's photographer 
This photograph was published in the United States in Ernest Shackleton's book, South, William Heinemann, London 1919.

A ilha era um local inóspito, afastado de qualquer rota marítima. Por isso, oito dias depois do desembarque, Shackleton tomou uma decisão que viria a ser decisiva para o resgate do grupo. Ele e cinco outros homens navegariam no maior dos botes, o James Caird, rumo à Geórgia do Sul, e aí pediriam ajuda para resgatar o resto do grupo. 

Poucos acreditavam no sucesso da missão: a ilha estava a 1 300 quilómetros de distância, dez vezes mais do que haviam acabado de percorrer. Em pleno inverno, num barco aberto de 7 metros de comprimento, teriam que enfrentar ventos de 130 km/h, vagas de 20 metros e navegar às cegas num mar hostil.






Os seis homens chegam sãos e salvos à Geórgia do Sul. Em Maio de 1916, no final do mês de Agosto, mais de ano e meio depois de ter ficado presa no gelo, a restante tripulação do Endurance seria resgatada na ilha Elefante por um pequeno rebocador disponibilizado pelo governo do Chile, depois da recusa do almirantado britânico em ceder um navio, por causa dos esforços da I Guerra Mundial. Quando alcançou a ilha, Shackleton contou 22 silhuetas. Todos os homens tinham sobrevivido. Na carta que enviaria à mulher, escreveu apenas. "Consegui. Maldito almirantado... Não perdemos um único homem e atravessámos o inferno".


Informar +

Para saberes mais, visita:





Endurance | Antarctida
créditos : Frank Hurley (the expedition's photographer)

Exactly 100 years ago Sir Ernest Shackleton’s famous polar vessel The Endurance was beset: gripped by strangulating sea ice off the Antarctic Peninsula. Shackleton’s dream of becoming the first to cross the Southern Continent on foot was over, and one of history’s most famous battles for survival had begun. Read more here







Sir Ernest Shackleton and crew of the Endurance embark on what will become the greatest story of bravery, leadership and survival of all time.

Shackleton 100, website to mark the centenary of Sir Ernest Shackleton's mission to the Antarctic, ultimately the mission was a failure but the incredible story of how Shackleton led the crew through survival in the most inhospitable place on Earth. 

For more information, read:





Geração 'polar explorer'
18.01.2015

Creative Commons License





Saturday, January 10, 2015

Conclusões do resgate do Akademik Shokalskiy




Photograph: Laurence Topham


Após as férias de Natal, eis-nos aqui de novo. Desta vez para alertar de novo para as alterações climáticas.

A notícia é do final de 2014, mais precisamente 25 Dezembro, dia de Natal, mas sempre importante alertar para este tipo de situações a que nem os cientistas  polares escapam.


Photograph: Laurence Topham


Lembram o resgate do Australasian fretado MV Akademik Shokalskiy na Antárctida que levou à publicação de um código obrigatório para a navegação polar?

Pois após um ano desse resgate, só agora, em 25 Dezembro, as conclusões e ganhos científicos dessa viagem foram publicados e dados a conhecer à comunidade científica polar.

Dois cientistas e vários turistas a bordo do navio de pesquisa russo Akademik Shokalskiy foram resgatados no dia de Natal, a 25 Dezembro 2013.
Eles encontravam-se presos na Antárctida, desde a véspera de Natal devido ao mau tempo.
A viagem tentava seguir os passos de Douglas Mawson, o grande explorador polar e cientista que liderou a Australasian Antarctic Expedition, em 1911.
O que aconteceu em vez capturar a atenção do mundo, foi algo que nenhum dos cientistas, jornalistas, e turistas a bordo poderiam ter previsto.

 Photograph: Unimedia/Barcroft Media

http://i.guim.co.uk/

De acordo com o pesquisador italiano do Instituto Nacional de Astrofísica, Francesco D’Alessio, que estava a bordo do navio, todos os passageiros teriam sido salvos. 
Após o resgate, apenas foi necessária a retirada dos equipamentos. O navio estava a cerca de dois mil quilómetros do sul da Tasmânia.


 Sunrise over the Shokalskiy
Photograph: Laurence Topham
As autoridades australianas para a Segurança Marítima (AMSA) declararam que os passageiros não poderão chegar a Hobart, na Tasmânia, antes de meados de Janeiro 2014.
Outras tentativas de resgate anteriores não haviam sido bem sucedidas por causa do mau tempo e do gelo no mar.

Photograph: Laurence Topham


After the holiday season, here we are again. This time to alert to climate change once more.

This new is from December 2014, more precisely on Christmas Day, but it's always important to alert for this kind of events that even polar scientists escape.

Do you remember the rescue at Antarctida, December 2013? The icebound crew of the Akademik Shokalskiy made headlines but, a year on, the fruits of their expedition are revealed

Scientists and tourists rescued on Christmas. The voyage was meant to retrace the steps of Douglas Mawson, the great polar explorer and scientist who led the Australasian Antarctic Expedition of 1911. What happened instead captured the world’s attention, something none of the scientists, journalists and paying public aboard could have foreseen.


Photograph: Laurence Topham


The Akademik Shokalskiy got stuck in ice on Christmas Day 2013 only two weeks after leaving New Zealand. A rescue mission swung into operation. Chinese, French and Australian icebreakers hurried to the scene only to be defeated by the ice floes themselves.

As the story went global, the venture came in for plenty of criticism. And a mandatory code needed over and above existing rules and guidelines for ships operating in polar waters. 



Media interest in the expedition faded after the rescue, but in the year since Turney and his team have been busy. 
Scientific samples and measurements from the voyage are being turned into research papers that reveal striking changes at the southern ice cap. 
Climate sceptics suggested the incident disproved global warming, even though the ship’s encasement was caused by the wind blowing ice around, making this a weather problem rather than a climate impact. Read more here.
Geração 'explorer'
10.01.2015
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